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Coronel planejou a morte de Moraes usando dados roubados após acidente de carro


coronel planejou morte de Moraes

Em uma investigação chocante, a Polícia Federal revelou que um coronel da reserva das Forças Armadas tramou a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, utilizando dados roubados de um acidente de carro. Segundo as autoridades, o coronel teve acesso a informações pessoais de Moraes após o acidente, o que o motivou a elaborar um plano para assassiná-lo.


De acordo com as investigações, o acidente ocorreu em um momento em que o coronel teve acesso não autorizado a dados privados, incluindo informações sobre a rotina e localização do ministro. Com essas informações, ele teria arquitetado um atentado contra Moraes. As autoridades identificaram que o plano foi frustrado após uma série de operações de monitoramento e investigações sigilosas realizadas pela Polícia Federal.


O coronel foi preso preventivamente e agora enfrenta uma série de acusações, incluindo tentativa de homicídio, uso indevido de dados pessoais e associação criminosa. A operação que desmantelou o plano de assassinato também revelou uma rede de apoio envolvida na trama, com outros membros das forças de segurança e civis que colaboraram no esquema.


O caso gerou grande repercussão, especialmente no cenário político, devido à gravidade da ameaça contra um dos principais ministros do STF. As investigações continuam para identificar todos os envolvidos na trama, e a Polícia Federal reforçou seu compromisso em garantir a segurança de autoridades públicas e combater crimes de natureza política.



Dinâmica do acidente

No dia 24 de novembro de 2022, por volta das 22h15, Lafaiete estava a caminho de Anápolis, saindo de Valparaíso de Goiás, quando se envolveu em um acidente. A pista estava escorregadia devido à chuva que havia caído na região, e parte da via estava bloqueada após uma carreta ter se acidentado e ficado presa a uma ponte. Um guincho estava realizando a sinalização no local do incidente.


Enquanto isso, Rafael seguia com seu Volkswagen T-Cross, de placa RMG, pela mesma via. Segundo Lafaiete, o veículo de Rafael estava em velocidade muito baixa ao passar pela área do acidente. "O VW T-Cross do Rafael estava quase parado, e quando passei pela curva, vi o carro e não consegui frear a tempo para evitar a colisão", relatou Lafaiete em depoimento à Polícia Civil de Goiás (PCGO).


Após a batida, os dois motoristas conversaram e acionaram a seguradora para retirar os veículos da pista, conforme registrado no boletim de ocorrência, registrado on-line em 6 de dezembro de 2022.


Nas investigações, a Polícia Federal identificou que Rafael de Oliveira havia alugado o carro com a mesma placa no aeroporto de Goiânia. A retirada foi feita em 21 de novembro de 2022, às 16h40, e a devolução ocorreu quatro dias depois – no dia 25 do mesmo mês.



Investigação


As investigações extraíram dados do aplicativo Signal instalado em aparelho telefônico apreendido com Rafael de Oliveira. A polícia apurou a relação do nome Lafaiete Teixeira com o coronel.


No aparelho, encontraram uma fotografia armazenada no celular do tenente-coronel da imagem da CNH do contador. Como as pontas dos dedos de quem segurava a CNH estavam à mostra, a PF encaminhou a imagem para o Instituto Nacional de Identificação (INI) para passar por perícia.


No laudo papiloscópico, foi possível identificar que as impressões papilares do dedo indicador esquerdo coincidem com as digitais de Rafael Martins de Oliveira.


Após a confirmação de que o oficial do Exército Brasileiro tinha em posse os dados do homem, a PF buscou os metadados (o local e o horário) da fotografia. Pelas coordenadas, a imagem foi capturada em um trecho da BR-060, no sentido Brasília-Goiânia.

A galeria de Rafael tinha outra imagem registrada apenas um minuto após a captura da CNH. Era o CRLV de um carro no nome de Lafaiete. A fotografia também foi feita nas mesmas coordenadas que a anterior.

Com essas informações, a PF fez buscas em bancos de dados e encontrou o boletim de ocorrência que Lafaiete registrou dias após o acidente, que coincidia com o horário e o local da fotografia.

“Considerando todas essas informações, a equipe de investigação solicitou, junto à operadora de telefonia TIM S/A, os dados cadastrais do terminal telefônico (61) 98178-[…] associado ao codinome ‘teixeiralafaiete230’. Em resposta, a empresa confirmou que o referido terminal telefônico foi cadastrado no dia 8/12/2022, exatamente em nome de Lafaiete Teixeira Caitano, condutor envolvido no mencionado acidente”, destaca o relatório da Polícia Federal.

A investigação concluiu que Lafaiete não tinha nada a ver com a operação, nem mesmo com a trama envolvendo um atentado ao ministro do STF.


“A investigação chegou à conclusão de que Rafael de Oliveira usou os dados de Lafaiete Teixeira Caitano, terceiro de boa-fé, para habilitar número telefônico que, posteriormente, foi utilizado na ação clandestina do dia 15 de dezembro de 2022”, acrescenta.

“Essa conclusão converge com o processo de ‘anonimização’, técnica prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico. Além dessa associação direta com a utilização ilícita dos dados de Lafaiete Teixeira, outros indícios demonstram a participação pessoal de Rafael de Oliveira na ação do dia 15 de dezembro de 2022”, completa.



Outros nomes


Apenas no telefone usado por Rafael, foi possível identificar o uso de 1.423 linhas em um período de sete meses. Lafaiete não foi a única pessoa que teve seu nome usado para esconder o envolvimento dos militares treinados na operação que tinha o objetivo de matar o ministro do STF.


Os integrantes usaram nomes de países como codinomes na ação criminosa. A polícia identificou os seguintes números:


  • (61) 98179-… (usado por “Áustria”): habilitado em 3/12/2022, às 14h, em nome de Alexsandro Barros de Carvalho, residente em Maceió (AL). O fim do vínculo ocorreu em 8/12/2022, às 20h49. Os levantamentos realizados indicam que a pessoa de Alexsandro não tem qualquer relação com os fatos investigados. “Possivelmente, seus dados pessoais foram utilizados pela organização criminosa para anonimizar o real usuário do terminal telefônico”, destaca a PF.


  • (61) 98179-… (usado por “Brasil”): cadastrado em 3/12/2022, às 14h05, em nome de Arão Edmundo da Silva, residente em Salvador (BA). “Assim como nos demais casos, não há indicativos de participação de Arão nos eventos investigados; os dados cadastrais foram empregados de forma ilícita para ocultar a pessoa que verdadeiramente utilizou o número de telefone para a prática de crimes. Da mesma forma, a habilitação do chip ocorre em data compatível aos fatos investigados.”


  • (61) 98177-…: cadastrado no nome de Rodrigo Bezerra de Azevedo para uso no aparelho com Imei 866876… (modelo Redmi 10 Prime) no dia 24 de dezembro de 2022, segundo informações da operadora TIM S.A. Este é o mesmo dispositivo móvel empregado na ação de 15 de dezembro de 2022, sob a linha (61) 98179-…, operada pelo usuário “Brasil”, que era membro do grupo “Copa 2022″ no aplicativo Signal. Ou seja, nove dias após a ação clandestina para, possivelmente, prender o ministro Alexandre de Moraes, o aparelho de IMEI 866876… foi associado ao número (61) 98177-…, em nome de Rodrigo Bezerra, major de Infantaria que servia no Comando de Operações Especiais e amigo de confiança de Rafael de Oliveira. Os dois faziam parte do grupo “Dossss!!!!”, administrado por Mauro Cid.




  • (61) 98179-… (usado por “Gana”): cadastrado em 3/12/2022, às 14h16, em nome de Arão Edmundo da Silva, residente em Salvador (BA). Os dados já tinham usados para cadastrar o codinome “Brasil”.


  • (61) 98179-… (usado por “Argentina 2”): cadastrado na empresa TIM S/A também em 3/12/2022, às 13h59, em nome de Adeildo Ferreira dos Santos, residente em Patrocínio (AL). Mais uma vez, os investigados utilizaram, de forma ilícita, dados cadastrais de terceiros para esconder os verdadeiros usuários dos terminais telefônicos, sem qualquer indício da participação de Adeildo na organização criminosa investigada;


  • (31) 97208-…: usado pelo investigado Rafael Martins de Oliveira, associado ao usuário “Diogo Bast” no grupo do aplicativo Signal denominado “Copa 2022″. Pelo contexto das trocas de mensagens, Rafael de Oliveira adotou o codinome “Japão” na ação clandestina.


Conforme os dados fornecidos pela operadora de telefonia Vivo S/A, o militar habilitou o referido número na data de 24 de junho de 2022, em nome de Luís Henrique Silva do Nascimento, residente em Belo Horizonte (MG). O Imei 862583…, habilitado para uso na linha telefônica (31) 97208…, corresponde ao aparelho celular modelo One Touch 307G, da fabricante Alcatel.


Após requisição policial, a empresa Vivo S/A revelou que, no período de 27 de maio a 10 de dezembro de 2022, o referido aparelho de telefone celular, de Imei 862583…, foi usado por 1.423 linhas telefônicas.

A investigação apontou que todos os telefones foram “habilitados em 3 de dezembro de 2022, em horários próximos, praticamente de forma sequencial”, todos na Loja Americana, em Uberlândia (MG).

 
 
 

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